terça-feira, 8 de agosto de 2017

Uma montanha de ciência - Boulder


Uma montanha de ciência - Boulder


Você nunca deve ter ouvido falar em Boulder, uma cidade de 85 000 habitantes ao pé das Montanhas Rochosas, no interior dos Estados Unidos. Pois é nos seus laboratórios que o mundo da ciência está virando de pernas para o ar. A equipe foi até lá ver qual é a mágica da montanha.


"Vocês são cientistas?" A pergunta do motorista de táxi que nos levava do aeroporto ao hotel não deixava dúvidas: estávamos no lugar certo. Já sabíamos que havia muita ciência em Boulder, Colorado, bem no centro dos Estados Unidos. Por isso tínhamos ido até lá. O que não imaginávamos era que todo mundo falassse do assunto. Depois de esclarecermos a David, um ex-hippie que estuda medicina transcendental e pratica massagem, que éramos jornalistas, perguntamos se ele sabia das importantes experiências científicas que estavam sendo feitas na cidade. Nova supresa: sim, ele sabia, e conhecia o nome dos pesquisadores. 


Boulder - Cidade no Colorado


É que toda a atividade econômica em Boulder, com exceção do turismo, gira em torno da indústria de alta tecnologia e da ciência. São 20 000 empregados na Universidade do Colorado, nos institutos de pesquisa e nas empresas de computação e aeroespaciais instaladas na cidade. Além do mais, 95% dos habitantes têm diploma universitário (o próprio David havia cursado alguns anos de biologia) e um quarto da população fez pós-graduação. Para completar, muitos cientistas vão para lá só para morar perto das montanhas, definitivamente encantadoras, vizinhas da famosa e badalada estação de esqui de Aspen. Por isso é que ali estão acontecendo experimentos incríveis, como o do quinto estado da matéria e o do átomo que fica em dois lugares ao mesmo tempo. Nas próximas páginas você vai conhecer alguns dos felizardos que têm a sorte de pesquisar nesse paraíso da ciência.



Essa máfia só pensa em enxergar longe


Ao chegar a Boulder, procuramos um velho amigo, o astrônomo Augusto Damineli, que, por quatro anos, de 1992 a 1996, assinou a seção Universo. Damineli escolheu um recanto no alto da montanha para nos falar do  trabalho que desenvolve no Instituto Associado e Laboratório de Astrofísica da Universidade do Colorado. "Estou alucinado", confessou. "Não consigo fazer mais nada, nem entender um extrato bancário." Sua excitação é compreensível. Quando foi para Boulder, há um ano e meio, Damineli ingressou no primeiríssimo time mundial de pesquisadores de estrelas de grande massa e passa pelo momento mais emocionante de sua carreira. No final do ano passado, telescópios do mundo inteiro - até o Hubble - estiveram voltados para a estrela Eta Carina, para ver se, como o brasileiro insistia, não se tratava de uma, mas de duas estrelas. Ele estava certo (veja na página XX). "Acordava todas as noites refazendo os cálculos", revela Damineli.

Tarefas assim é que levam gente como ele a Boulder. Damineli que passa a maior parte do tempo grudado no computador. Outro dia ficou sabendo que seu vizinho de sala, Claude Cohen-Tannondji, tinha ganhado o Nobel de Física. "Dessa vez passei perto", brinca. Vez por outra, sobe dois andares para trocar idéias com seu guru e chefe Peter Conti, que tem na porta um cartaz sugestivo: Máfia das Estrelas de Grande Massa. 

Nós também fomos lá. De bermuda e sandálias, o "capo" dessa estranha organização nos recebeu sorrindo. E quando começou a falar de suas pesquisas protagonizou um frenético balé. Ajoelhou, levantou, sentou, andou de um lado para o outro, procurou fotografias e não achou, procurou artigos e não achou. Parecia um garoto explicando as últimas descobertas feitas no laboratório do colégio. Ninguém diria que se trata do mais importante cientista do mundo no estudo de monstruosos corpos celestes que chegam a ser até 100 vezes maiores do que o Sol. 


Prédio do Laboratório de Astrofísica




Professores que todos querem ter


O professor Peter Conti, 62 anos, é um sujeito bonachão que costuma tocar na gente enquanto fala, o que é raro num americano. Foi ele quem, nos anos 70, descobriu que as estrelas Wolf-Rayet, uns corpos superluminosos da família das Estrelas de Grande Massa, tidas desde 1867 como uma raridade cósmica, eram na verdade muito abundantes. Em 1984, analisando um punhado de Wolf-Rayet, concluiu que elas formavam outra família, a das Variáveis Luminosas Azuis. Nos anos 90, descobriu galáxias com até 100 000 estrelas da nova espécie. Tudo isso é importante porque, classificando os astros em grupos, fica mais fácil compará-los e estabelecer relações de idade, massa, brilho e composição química. E assim entender melhor toda a mecânica do Universo.

Mas por que Boulder, que nem sequer tem um observatório, atrai tanto os astrônomos? Conti não vacila. Ele ergue o braço e dirige os olhos para a janela. "Quem é que resiste a esta paisagem?", pergunta. 

O que é bom, no entanto, também tem efeitos negativos. "Um terço dos alunos da Universidade do Colorado, em Boulder, está aqui só para esquiar e não vai dar mesmo em nada", queixa-se o cientista, que leciona no Instituto Associado e Laboratório de Astrofísica. Mas logo emenda: "Nos outros dois terços há estudantes brilhantes que serão bons de qualquer jeito e outro tanto que precisa ser conquistado pelos professores. Esse é nosso desafio". Para sorte dos que estão no meio do caminho, em Boulder há grandes professores. Que aluno não gostaria de aprender com Peter Conti? Ou com Carl Wieman (veja o quadro à esquerda), o pesquisador que confirmou a teoria de que havia um quinto estado da matéria? 



Doidos para ir aonde ninguém foi


Alguns dos institutos de pesquisas ligados à Universidade do Colorado, em Boulder, se assemelham a playgrounds. Pelo menos para quem gosta de ciência. "Meu pai veio aqui outro dia e disse que se sentiu como no set de filmagens de Apolo 13", conta Sean Hitchings, 21 anos, estudante do quarto ano de Física no Laboratório de Física Atmosférica Espacial (Lasp), referindo-se ao filme estrelado por Tom Hanks. Cercado por computadores, Hitchings tem muito trabalho cuidando do satélite SNOE, construído por colegas seus, que ele é encarregado de monitorar. O satélite, que vai medir e analisar a densidade de óxido nítrico na atmosfera, substância ligada à estabilidade da camada de ozônio, é a menina dos olhos do diretor do instituto, Daniel Baker. "Será o primeiro satélite totalmente feito e controlado por estudantes", gaba-se o físico de 50 anos que deixou a Nasa porque queria fazer um trabalho "mais variado". 

Boulder e o Lasp proporcionaram o que Baker queria. O Lasp colocou 26 instrumentos em diferentes missões científicas no espaço, como a Mars Pathfinder, e que estão ajudando a desvendar mistérios em Marte, Júpiter e outros recantos do Universo. Dá trabalho organizar tudo isso, dar aulas e ainda bater de vez em quando na porta da velha e boa Nasa para vender propostas de novas missões, como a Ariel, projeto de uma nave não-tripulada que ele quer mandar a Mercúrio. Tudo isso é ciência de primeira, mas o Lasp não se contenta em enviar equipamentos de pesquisa para o céu. Treze ex-alunos já se tornaram astronautas e um décimo-quarto está treinando para ir ao espaço em breve. 

"Precisamos nos preparar para chegar aonde ninguém mais sonhou em ir", fala Baker, parodiando o comandante Kirk, personagem da série Jornada nas Estrelas. A frase, numa versão mais fiel ao seriado, também está entalhada numa pedra na calçada do Lasp: "Arrojadamente indo aonde nenhum homem foi antes." É essa a missão assumida pelos cientistas do Lasp.


Deste prédio saem naves foguetes e até astronautas



Cura para o câncer e vespas no espaço


Jeff, 24 anos, aluno do curso de Biologia que entrevistamos perto da biblioteca central, nem sabia que no mesmo prédio em que assiste a aulas trabalha um dos mais respeitados bioquímicos do planeta, Thomas Cech, 52 anos, que ganhou o Nobel em 1989, por suas descobertas a respeito do RNA (ácido ribonucléico). Cech revelou ao mundo que o RNA controla todas as reações químicas da célula. Na continuação de seu trabalho, o cientista descobriu, recentemente, como copiar um gene que ajuda a célula a produzir telomerase, enzima relacionada ao envelhecimento e a doenças como o câncer. Jeff é uma prova das preocupações do astrônomo Peter Conti com o real interesse pela ciência dos estudantes que chegam à Universidade do Colorado.

Em todo caso, não vai ser por falta de estímulo que Jeff ficará sem saber quem é Cech. Em Boulder existem pesquisas em todas as áreas, mas a Biologia de Cech, a Física de Wieman e o Espaço de Baker são as que conseguem os mais incríveis resultados. Algumas vezes as três disciplinas se casam para realizar experiências interessantes, como a criação de pequenas vespas no espaço. A pesquisa, já em andamento, deve tomar fôlego com a instalação da Estação Espacial Internacional a partir de 1999. O que se espera é que um dia esses insetos venham a colaborar na decomposição do lixo humano em ecossistemas fechados no espaço. Quer dizer, se você ou seus netos vierem mesmo a morar Universo afora, é bem provável que tenham a companhia das tais vespas inventadas em Boulder. 



Craques do tempo e do clima juntos


Uma parte do sucesso de Boulder na ciência se deve ao governo americano, que escolheu a cidade para sediar alguns centros nacionais de pesquisa. Estão lá departamentos do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST), com seus relógios atômicos, do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas (NCAR), com seus modelos climáticos, e da Administração Nacional para a   Atmosfera e os Oceanos (NOAA), com suas análises de poluição. 

Não é pouca coisa. Só o NCAR já ganhou três prêmios Nobel por estudos sobre a camada de ozônio. Isso sem falar nos projetos que têm tornado a navegação aérea mais segura. No ano passado, um de seus modelos de previsão das mudanças no clima da Terra nos próximos 100 anos foi premiado e escolhido para ficar exposto ao público no Instituto Smithsonian, em Washington. Ele simula o impacto sobre o planeta de mudanças nas práticas da agricultura, emissão de combustíveis fósseis, desmatamento e outras atividades humanas. Para isso, trinta cientistas, durante três anos, fizeram 100 trilhões de cálculos num supercomputador Cray. Uma das conclusões é que as previsões que vêm sendo feitas são catastróficas demais. Outra é que o aquecimento global não é resultado apenas da atividade humana. Mudanças naturais, inevitáveis, respondem por uma parcela considerável das alterações climáticas que estão ocupando a cabeça de cientistas de todo o mundo. 

A escolha de Boulder para sediar tantas pesquisas sobre o clima não foi proposital, mas é curioso como o assunto está bem localizado ali. Uma semana antes de a equipe chegar, duas casas e algumas plantações haviam sido destruídas por um tornado. As geleiras estavam derretendo e o Rio Boulder, que corta a cidade, começava a invadir os parques nas suas margens. Isso sem falar que o vento costuma virar caminhões nas estradas. 

"Desde criança, eu queria entender toda essa confusão climática", conta Roger Hendershot, 46 anos, um dos responsáveis pelo modelo climático premiado no Smithsonian. "Meu pai era fazendeiro e nossas vidas giravam em torno do clima. Trabalhando aqui, estou entendendo o meu lugar no planeta." Nós também.

Desenhos evitam que aves trombem nas janelas do NCAR



Tornados dentro e fora dos laboratórios


Tornados, quase tanto quanto as montanhas, são objeto de fascínio em Boulder. Quando há notícia de um chegando, todos devem correr para o subsolo dos prédios. Mas não há quem convença os estudantes da Universidade do Colorado a fazê-lo. A maioria prefere subir para o telhado. Por sorte, até hoje não houve acidentes. Al Bedard, 51 anos, professor do Departamento de Engenharia Espacial, também fica doido para seguir os alunos, mas prefere criar seus próprios tornados no laboratório. Eles são pequenos, coisa de meio metro de altura, mas propagam o mesmo tipo de ondas de som que o fenômeno de verdade emite. O que o pesquisador quer com seu brinquedo é desenvolver sistemas de alarme baratos e eficientes que avisem, nas casas, da aproximação dos vórtices destrutivos de ar. Como a maioria deles se move entre 8 e 16 quilômetros por hora, haveria tempo para evacuação dos lugares. "Parece que há uma relação inversa entre a freqüência das ondas de som e o tamanho do tornado", diz Bedard, que também é pesquisador da NOAA, a agência governamental que cuida de Atmosfera e Oceanos. Foi ele quem criou o Observatório Total de Tornados, conhecido como TOTO, de onde surgiu a base do instrumento que viria a inspirar a Dorothy, máquina usada pelos caçadores de tornados do filme Twister (1996).



Ciência, religião e ecologia



Ao mesmo tempo que é um centro de excelência científica, Boulder funciona também como ponto de atração religiosa. Além dos tradicionais católicos e protestantes, há grande procura pelo budismo. Existe até uma universidade budista, o Instituto Naropa, do qual fazem e fizeram parte escritores e filósofos importantes, como o poeta beat Allen Ginsberg, morto em 1995. Fundado em 1974, o Naropa é uma conseqüência da grande afluência de hippies para a cidade nos anos 60 e 70. Para se ter uma idéia, o Dalai Lama, que não é hippie, já visitou Boulder catorze vezes. Tudo isso casa muito bem com o apego à ecologia que existe na região. "Outro dia, havia um cartaz na porta principal do Laboratório de Astrofísica", conta Augusto Damineli: "‘Use a saída dos fundos, há pássaros do outro lado desta porta’." Damineli foi ver o que era e encontrou um ninho de pardais. Para não desalojar o ninho, a entrada principal foi desativada. 

Em Boulder é assim. Discute-se pelos jornais a possível proibição de plantar grama nos jardins das casas. É que os defensores do mato nativo ficam furiosos com a importação de plantas. E a briga também é boa entre os donos de gatos domésticos e os defensores dos leões das montanhas. Às vezes os maiores devoram os menores. 

Pendengas desse tipo são os maiores transtornos que se pode encontrar na cidade. Quase não há ocorrências policiais. Não se vêem mendigos nas ruas. Uma família média ganha quase 5 000 dólares por mês. Como se vê, condições ideais para alguém dedicar-se às obras do pensamento.

Não por acaso há na pequena cidade cinco bibliotecas, que recebem quase 2 milhões de visitas a cada ano. Isso explica por que o motorista de táxi nos perguntou se éramos cientistas. Em Boulder, quase todos, à sua maneira, são.  



O hit-parade de Boulder


Em dezembro de 1995, Carl Wieman e Eric Cornell confirmaram a teoria de Albert Einsten e Satyendra Nath Bose de que havia um quinto estado da matéria. Resfriado quase ao zero absoluto, o átomo passou a se comportar como luz.

Em agosto de 1996, a equipe chefiada por David Wineland comprovou em laboratório a hipótese de Erwin Schrödinger de que o átomo poderia ficar em dois lugares ao mesmo tempo.

Em 1997, o bioquímico Thomas Cech, da Universidade do Colorado, copiou em laboratório um gene que ajuda a fabricar, nas células, a molécula chamada telomerase. A façanha pode ajudar no combate ao câncer.

Em 1998, entrará em operação o autonowcaster, um sistema automático de previsão imediata de chuvas desenvolvido pelo Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas (NCAR).



Ele seguiu os passos de Einstein


Rotina de cientista famoso não é fácil. Mesmo antes de confirmar a tese de Albert Einstein de que havia um quinto estado da matéria, em 1995, Carl Wieman, da Universidade do Colorado, já gastava tempo correndo o mundo para falar em congressos. Numa dessas viagens, acabou perdendo a melhor parte da festa. Foi por telefone que ficou sabendo do sucesso final de seus experimentos de quinze anos. "Fiquei feliz assim mesmo", conforma-se. Depois, as coisas pioraram. Ele teve que contratar uma secretária. "Teria sido impossível atender ao telefone sozinho. Por um ano, não consegui trabalhar direito", conta, com bom humor. 
Quem pensa que sua batalha já acabou engana-se. Agora Wieman está aprendendo a controlar o quinto estado da matéria, no qual átomos submetidos a temperaturas incrivelmente baixas passam a marchar em uníssono, como se fossem uma única onda. "Ainda temos muito o que aprender", diz ele no laboratório que ficou conhecido como "the coolest place in the Universe", expressão que tanto pode significar o lugar mais frio como, em gíria, o lugar mais bacana do mundo. Claro, uma descoberta como essa abre possibilidades sem fim. Wieman acha que dá até para sonhar com aplicações malucas. "Se a matéria age como a luz podemos pensar até em transmitir objetos pelo telefone", exagera o pesquisador.

Aos 46 anos, Wieman já pesquisou em escolas importantes como Stanford, na Califórnia, e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em Cambridge. Há dez anos em Boulder, ele não tem planos de mudar-se. "É o melhor lugar do mundo", garante. "Já encontrei ursos a 500 metros de minha casa. Onde mais isso existe?" Quando olha para trás, o físico não consegue entender como chegou ao que é. Filho de um lenhador, ele nasceu nas florestas do Oregon, no norte dos Estados Unidos. "Não havia cidade, não havia nada. Tenho sorte por ter conseguido estudar." Se para ele foi sorte, para a ciência foi um belo presente.



Cientista troca o carro pelo esqui


Quem quer ficar perto do céu sem sair da Terra também tem um lugar para fazer ciência em Boulder: a Estação de Pesquisa da Montanha, a 40 quilômetros da cidade e a mais de 3 000 metros de altitude. É a única estação de pesquisa em ambiente alpino - semelhante ao encontrado nos Alpes, na Europa - dos Estados Unidos. Para nós, que estamos acostumados com a biodiversidade das florestas tropicais, parece pouco interessante estudar esses lugares onde só se vêem pinheiros e neve. Mas o ambiente tem sido valioso não só para a compreensão daquela ecologia como para as pesquisas sobre os efeitos da chuva ácida (precipitação com alta concentração de ácido sulfúrico, provocada pela emissão de monóxido de carbono). Estão sendo coletadas também amostras de ar que registram as mudanças na química da atmosfera terrestre.
Ali existem apenas 120 espécies. Além de ursos e leões da montanha, só um mamífero dá as caras no inverno: o pyka, esquilinho que virou caso científico quando se descobriu que usa um produto químico presente em certas plantas, o fenol, para conservar alimentos no período de frio. Apesar do clima, não dá para negar que o trabalho naquele lugar é um prazer. No inverno, Thomas Swanson, 47 anos, engenheiro que cuida da manutenção dos coletores de ar, é obrigado a trocar o carro pelo esqui. "É uma farra", ele confessa. O biólogo William Bowman, que dirige a estação, também não reclama. Ele passa a maior parte do ano num confortável chalé ao lado da estação, na companhia de um velho cão husky siberiano, o Lars. No verão, sua mulher e os filhos de 5 e 2 anos também sobem a serra sem se queixar. "Só temos um problema: os ursos." Há poucos meses, um deles entrou na casa de Bowman, comeu o que quis, derramou óleo no chão e foi embora, deixando pegadas por todos os lados. Sorte que não tinha ninguém em casa. 





Átomos sob controle na busca pela precisão


 No ano passado, você ganhou 1 segundo. No dia 30 de junho, especialistas do NIST em Boulder e em Washington, junto com o Escritório de Investigação da Hora, na França, decidiram adicionar o pequeno acréscimo à hora internacional. Para isso, tiveram que desligar seu relógio atômico, o NIST 7, um pouquinho. O NIST 7 é tão preciso que ganha ou perde menos de 1 milionésimo de segundo a cada ano. Mas a rotação da Terra é mais atrapalhada. Ela varia vários milionésimos de segundo por dia. Como não dá para colocá-la em um ritmo uniforme, os relógios é que devem ser alterados. Apesar de já ter alcançado essa precisão maior até do que a da Terra, o NIST não está satisfeito. Quer controlar os movimentos do átomo, pelos quais se pode medir melhor o tempo. Nessa busca, o pesquisador David Wineland e equipe ganharam as manchetes das publicações científicas há um ano. Eles conseguiram colocar um átomo em dois lugares ao mesmo tempo. Incrível? Wineland, 53 anos, não acha. "Foi muito simples", considera, modesto. De pesquisas como a sua, no entanto, vão surgir tecnologias futuristas como os computadores quânticos, que usarão átomos para fazer contas. 
Wineland trabalha num escritório que assusta pela desorganização. Num canto, roupas amontoadas. Noutro, três bicicletas. "Tenho cinco", ele confessa. "Assim, sempre posso decidir ir ou voltar pedalando, se quiser."

Mas o NIST faz mais do que buscar incessantemente a precisão no tempo. Ele é o lugar onde todas as medidas são aferidas. Nuns galpões imensos, com paredes forradas de espuma, se calibram até antenas de radioastronomia. Outra atividade do instituto é datar terrenos. Em 1989, o paleontólogo do NIST Robert Bakker descobriu uma espécie nova de dinossauro. É o único bicho que tem no nome a sigla de uma instituição governamental. O Drinker nisti exisitiu há 135 milhões de anos, tinha uns 60 centímetros de altura, era herbívoro e pesava cerca de 9 quilos. 





Mais eficiência para o Hubble


Lembra-se de quando, no começo de 1997, um grupo de astronautas foi fazer uma reforma no telescópio espacial Hubble? Eles estavam levando cinco instrumentos construídos pela Nasa, a agência espacial americana, em conjunto com a Ball Aerospace & Technologies. A Nasa, você sabe, tem laboratórios espalhados por vários cantos dos Estados Unidos. A Ball também, e um de seus principais centros de pesquisa fica em Boulder. 
Especializada em fabricar embalagens - latas, garrafas, caixinhas de leite longa vida -, a Ball foi criada no século passado. Começou a investir em tecnologia aeroespacial em 1956. 

Em 1960 lançou oito satélites de observação solar. Daí não parou mais, sempre trabalhando junto com a Universidade do Colorado. No momento, eles estão construindo uma câmara para captar a luz ultravioleta emitida por estrelas e galáxias distantes. Com as informações obtidas, vão poder ser estudadas as condições físicas da época do Big Bang. 

Os astrônomos estão ansiosos para que 2002, quando a câmara será instalada, chegue logo. "Esse instrumento vai ser vinte vezes mais sensível do que qualquer outro no espaço hoje", diz James Green, um dos líderes do projeto. Chamada COS (Cosmic Origins Spectrograph), a câmara subirá na última viagem de acertos no Hubble. Tem mais ou menos o tamanho de uma cabine telefônica e aproveita peças que foram retiradas do telescópio na viagem do começo do ano. Vai custar, ao todo, 25 milhões de dólares. Quase nada comparado ao que se poderá ficar sabendo a respeito do Universo. A própria Universidade do Colorado, que está bancando metade do projeto, já anunciou que um belo lote de teses de mestrado e doutorado será levado a cabo com o novo equipamento.



Se você for, não perca


Boulder tem hotéis para todos os bolsos. No Aeroporto de Denver, você pega um microônibus que vai deixá-lo na porta de qualquer um deles.

Esquilos e veados são abundantes nos arredores de Boulder. Para ver ursos e leões da montanha, você terá de ir mais longe, ao Rocky Mountain Park.



De táxi, você gasta 80 dólares, ida e volta, para visitar a Estação de Pesquisas da Montanha. Alugar um carro, no entanto, pode ser mais divertido. Você pára quando quer para ver a paisagem.



Se estiver estressado, faça uma massagem. Nas ruas do centro pode-se encontrar especialistas nas mais diversas técnicas. 

O campus centenário da Universidade do Colorado é lindo. Tem cerca de 200 prédios, por entre os quais não se pode circular de carro. Tente alugar uma bicicleta. E não deixe de visitar o Museu de Antropologia.


Universidade do Colorado


Quase semanalmente há shows e peças ao ar livre pela cidade. Dê uma olhada na programação dos jornais.

Vale a pena marcar uma visita guiada ao NCAR. Você vai aprender a criar tornados e nuvens em garrafas e adquirir um bocado de informações sobre a física da natureza. Procure René Muñoz, no telefone 001 303 497 1173.




Não deixe de visitar a loja Into the Wind (Pearl Street, 1408, telefone 001 303 449 5906) no centro de Boulder. Ela está cheia de brinquedos científicos e holografias incríveis. Aliás, não perca também a loja de holografias no Aeroporto de Denver. Mas prepare o bolso.


Boulder - Mapa - World Guides



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